quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Dois

Bem desconfiava que findaria na cama esta prosa. Só não contava que ante tamanha beleza destas folhas, cessasse eu de escrever. Logo comigo, o mais sincero dos mentirosos, após introduzir meu léxico ao prefácio, perdi o fio do novelo e não soube por onde enredar. E ali fiquei, tragando um cigarro enquanto contemplava os contornos de cada uma das letras que te compõem quando despida. Tão rara beleza: angelical devassidão em arte fotografada. Fadas e bruxas que ardem todas juntas quando me inquisiciona com o olhar e acende fogueira em praça pública.
E quando me faltaram os versos, me fiz jardineiro a velar teu sono, porque quando há carinho, afeto e cuidado, acaba por transceder tudo o mais que não houve. Deste modo pude comprovar que as flores são mais belas ao desabrochar da aurora, ainda que chuvosa aurora. Palavra que se fez minha, te concedo o meu verbo gostar.

2 comentários:

  1. "Sensações" Que me desperte com um beijo, um carinho, um afago.. que me olhe com zelo, um sorriso, um abraço. Não deixe o sol partir, ele faz parte de mim. Não deixe a chuva ir.. ela também existe dentro de mim. Mesmo sem dizer nada,o silêncio não é mudo. Ah! Poeta..

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  2. E as teorias de que não há inspiração são falhas!
    E esse verbo nunca tinha sido tão lindo por aqui! E eu como não sou poeta, e sim mulherzinha, adoreii...

    Repito: muito lindo, delicado, romantico!

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"Respeitar o trabalho do outro consiste justamente em submetê-lo à crítica mais rigorosa" (José Borges Neto)