quarta-feira, 28 de abril de 2010

A Chuva.

A chuva vem de
Is
so é tudo o que
sei
sobre a chuva
Ela chega mais molhada
quando vem de longe
Me leva mais longe
quando vem molhada
Ela sua
mas não é minha
Ela é de ninguém
mas sempre vem
de lá
pra cá
Se ela cai
é o meu caos!

[Poema de E. E. Cummings, musicado por Zeca Baleiro]

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Fragmento de uma análise literária

(...) Outras vezes, afastando-se dessa concepção pueril, o poeta é o aliciador da palavra. Por isso todas as palavras convêm ao poeta, e ele rimará qual quiser. Usando uma metáfora vulgar, poderíamos dizer que o poeta é um cáften das palavras. E ele bem sabe que na verdade o aliciado foi ele, pois nessa permutação não há dependência mútua, pois para as palavras há outros cáftens por aí, e ao poeta, se quiser viver sem elas, cabe aprender outro idioma (mesmo assim de nada adiantaria, pois seriam como as mesmas meretrizes em outras vestimentas).

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Da Descoberta do Amor



a descoberta do amor,meu bem
o amor é zen
o amor é desnudado
de paredes e telhados
o amor é o gozo dos amados
a vida é um paraíso pervertido
guarde tuas roupas
em meio aos meus livros
o amor são os animais felizes
enquanto a gente se ama
o amor é água em chamas
tu me chamas
e da mãe terra eu venho
das raízes
e dos animais felizes
ao céu
ao vento
o amor é alento
em todas as idades
o amor
ao tempo
subvertendo a sociedade
mora aonde o amor ?
o amor é de rua,
é do pensamento
fala com todo mundo
o amor tem três sexos
e nenhum documento

domingo, 11 de abril de 2010

Tic...Tum...Tac...Dum...

Um homem tem na vida que decidir entre dois pêndulos:


ou segue o relógio ,


ou escuta o coração.

Divagando...Divagando...

Desconfio que seja uma vã tentativa constantemente inacabada de homogeneização de conceitos que não existem, concomitante a transcendência de um quotidiano entorpecente e voraz, assim sente o coração ( ou desconfia que faça algo além de bater, bater, bater...)
E o que há de se dizer do deleite com situações tão opostas? De primícias taciturnas, onde a felicidade geral faz mal ao coração tão cético do observador..._ele observa a si mesmo, impelido para dentro de si, no vazio tão cheio de vazio da alma, carente de felicidade geral e tão supérflua para ele _Somente são belas as diferenças de percepção entre os homens se analisarmos cada qual imerso no próprio vácuo- pensa o coração (ou desconfia que faça algo além de sentir, sentir, sentir...)
Mas mesmo quem o conhece pressupõe que a transfiguração foi vitimada por qualquer felonia química tanto desejada! Contudo é impossível trair os princípios quando eles nem sequer existem._Somente existem sensações, assim desconfia o coração do observador, e que elas se transmutam.
E na sobriedade crepuscular já se ri das frivolidades que achava tão nocivas, mas não por pusilanimidade, tampouco por condescendência, mas por ingenuidade pura e pueril, aquilo em que ninguém acredita mais!
Melhor nada dizer,
apenas contemplar
este caos dentro de mim...
Pois só se é Feliz
mesmo
Quando ninguém o entende !

domingo, 4 de abril de 2010

(A Janela- parte I ) Se eu te inspirar...

Te esperei. Voraz,sedento,inquieto. Recostado na janela,fingindo calma...à muito meu café esfriou,mas permaneci. Às vezes tinha a impressão que te avistava a silhueta ao longe,depois do horizonte,muito além das seis... Era madrugada,eu ruminava os versos junto ao café que eu ainda fingia haver ali. Somente estava eu,minhas reticências...minhas interrogações???meus pontos,sempre no plural,pois não te findo. Eu te virgulo,Eu te virgulo,Eu te virgulo... Eu quero o verbo:Virgular-te-ei,assim,com cor vadia!
Tinha muita coisa ainda pra te escrever, sempre me aproveitei de ti que lê! Coisas tipo um sorriso de criança que dissipa toda filosofia, fazendo a alegria dos brandos de coração e o temor dos céticos. Coisas tipo um cara que largou tudo e virou tu sabe o que, algumas poesias em papel de cigarro, coisas que poderiam virar livro antes que a loucura proporcionasse um fim terminal num hospício. Devaneios que não pousei no papel.
Amanheceu. Eu ainda privado de subsídios de cultura que de ti provêm. A porta ali,aberta,esperando a inspiração. Inútil! Desde que te conheci que tu vens pela janela... A lenha na lareira,displicentemente à espera do fogo. A beira à espera da outra já beirava o medo.
(...

sexta-feira, 2 de abril de 2010

É Só Poesia!

Poesia não se escreve,
se cospe;
Poesia não se lê,
se bebe;
Poesia não se ouve,
se ausculta;
Poesia não tem lógica,
tem mágica;
Poesia não se explica,
se sente;
Poesia não se senta,
70 ou se deita;
Poesia não se copia nem se traduz,
se cruza e se reproduz;
Poesia não se acaba,
se perde;
Poesia não é o que faço,
sou eu
...
Poesia não cabe nesta página de vidro que você pretensamente lê;
Eu não caibo,
saio, me esvaio...
risco, me arrisco...
não me acabo, somente me perco...

Você?
Ah, você me cospe, me bebe, me ausculta, me magica, me sente, me tenta e me deita,me cruza e me perde (sem me reproduzir),
mas não me lê (nem me entende),
Você também é uma vã tentativa
(mas também é só um advérbio,um significado insignificante)
também eu sou
(_RISOS!)

poEUsia?