terça-feira, 30 de março de 2010

Jovens.


Uma terça-feira à tarde,
Sol na praça,
Cachaça,
Violão,
Aula de matemática assassinada
E o culpado é meu coração,
Não pedi pro mundo ser assim,
Com "mim"
não vou rimar,
Não quero estudar,
A prova eu vou fazer,
Tu vais me reprovar,
Por um Brasil um pouco mais
“descente”
Mas geometria não cura
A dor de dente
Da população !

SENSO inCOMUNicável.


LEIO-TE
TRAGO-TE
BEBO-TE
e mesmo assim PERMANEÇO
sendo senso comum
SENDO SENSO COMUM
sendo senso comum...
ACENDO UM INCENSO INCOMUM
e meu sarcasmo me salva!

Uns tragos.

"Palavras embrulham os teus cigarros
Você os vende
E eu as trago.

Inspiro-as
Expiro-me
Trazendo-te
Para mim

Trago...
Trago-te
Trago...

Vícios em mim
Para-ti
É sem fim.
"

[Ivana Rodsi]

sábado, 27 de março de 2010

Ao leitor(a)!


Às vezes rimar não basta... outras tantas não basta deixar de rimar.
Lia. Relia. Lia com veemência, relia contrariando a fugacidade dos próprios aspectos cognitivos que não lhe concediam o saber. Mal sabia que o suprassumo era sentir. Repentinamente se desconfiou metaforizado no texto. Num primeiro momento com sutileza, mas após algumas poucas páginas se encontrava perdido. Já não tinha mais a convicção de ser leitor (o ser que lia e relia). Tentou encerrar a leitura, mas não haviam pontos à vista, nem à curto prazo. Somente umas reticências que não lhe diminuíam a aflição. Aqui e acolá alguma vírgula lhe suscitava uma breve, mas vital tomada de fôlego. Tinha indagações, mas não havia tempo para respondê-las. Perguntava-se por quem havia sido escrito. Tinha medo do posfácio (seria o fim de tudo? Ou haveria uma sobrevida na contracapa?). Atordoado, tentou levantar-se e derrubou o acento. Cometeu um grave erro ortográfico e sentiu-se culpado. Depois se eximiu da culpa, pois deveria ela pertencer ao ser que o escreveu. Ao pensar assim sentiu-se lido por outrem. Sua privacidade fora violada. Sentiu nas páginas, cálidas, uns dedos pesados que afagavam-lhe as letras. Uma saliva alheia lhe umedecia as extremidades a cada folheamento. Abria-se e fechava-se, e a cada intersecção era devorado por olhos vorazes. Procurou nas entrelinhas uma explicação, mas nada encontrou. Então olhou para fora de si e perguntou: QUE FAZ AQUI ?