sábado, 26 de maio de 2012

Telegrama VI

Para quem fez da minha carne triste quase feliz.

“Pois toda esta beleza que te veste
Vem do meu coração que é teu espelho
O meu bem, é bem melhor que tudo posto”


Escrevo-te estas mal traçadas linhas rezando que não leia, mesmo sabendo que lerás, inevitavelmente. Pela primeira vez me refiro diretamente a ti aqui neste Bordel, a ti que guardou uma infinidade de cartas, a ti a quem pertence à maioria dos meus escritos, meus mais sinceros escritos. É que depois de um ano, de repente me vem um vazio tão grande... Não que eu queira voltar, já escolhi o meu caminho. Não posso e nem quero voltar atrás. Já não tenho aquela pureza no olhar... agora eu ando gauche, tão gauche na vida, que nem é preciso inventar nada para fazer literatura. Ando como um anjo torto, um anjo caído. Tu perdeste um homem para que ganhasse o mundo um escritor. Eis este maldito poeta insaciável, boêmio, lírico e pérfido. Gérard de Nerval me escreveu: El Desdichado. Drummond me escreveu num Poema de Sete Faces. Quintana me escreveu fingindo ser sempre ele. Pessoa fingiu que me escreveu e eu, ingênuo, acreditei. Álvares de Azevedo escreveu dois de mim numa só vez. Escreveram-me tanto que eu aprendi a escrever também. Agora eu conheço o mundo, mas nunca tive amor como o teu. Apaixonei-me diversas vezes, na verdade me apaixono todo dia. Julguei precipitadamente ter amado. Conjuguei o verbo amar indistintamente. Mas a vida é assim mesmo, cairei mais vezes nesses mesmos erros, quantas vezes forem necessárias. Tu cairás também. E no final a gente ri.
Mas vezenquando rememoro aquele amor, Amor maior do mundo. Recordo aquele cais seguro, o teu sorriso me abrigando e tudo o que vivemos. Não cabe escrever, foi vivido. Foi vivido com todas as forças. Quero tanto que sejas feliz, mas tanto... Eu abdicaria da minha felicidade pela tua, eu morreria por ti. És a única pessoa que me importa mais do que a mim mesmo. És a única palavra capaz de me arrancar mais que uma lágrima. E quando eu te vires feliz vou me alegrar de todo o coração. Eu te amo mais que tudo neste mundo, e por isso mesmo, não podendo doar-me por inteiro, abdico-te. Não mereces de mim só a metade. Um dia compreenderás os devires desta vida. Não mais te escreverei aqui. Não é do meu merecimento. Não há verso, não há prosa que valha mais que um simples e sincero EU TE AMO!

2 comentários:

  1. Há quase 6 anos,declamei esse soneto pra ti no dia de seu aniversário lembra?
    Mais uma vez te dou ele de presente,pois descreve tudo o que eu sinto.

    Soneto de Fidelidade

    De tudo ao meu amor serei atento
    Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
    Que mesmo em face do maior encanto
    Dele se encante mais meu pensamento.

    Quero vivê-lo em cada vão momento
    E em seu louvor hei de espalhar meu canto
    E rir meu riso e derramar meu pranto
    Ao seu pesar ou seu contentamento

    E assim, quando mais tarde me procure
    Quem sabe a morte, angústia de quem vive
    Quem sabe a solidão, fim de quem ama

    Eu possa me dizer do amor (que tive):
    Que não seja imortal, posto que é chama
    Mas que seja infinito enquanto dure.
    Vinícius de Morais

    Você foi a maior e a melhor coisa que poderia ter acontecido em minha vida! Mas infelizmente a vida nos separou,quem sabe um dia eu consiga entender os motivos.
    Enfim,nunca se esqueça que EU TE AMO com toda a minha alma! e também daria a minha vida por ti.

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"Respeitar o trabalho do outro consiste justamente em submetê-lo à crítica mais rigorosa" (José Borges Neto)