quarta-feira, 2 de maio de 2012

2º Ato

De acordo com a tipologia de Norman Friedman podemos classificar o texto como Modo Dramático, o ângulo é central e fixo, Autor Onisciente Intruso, ou seja, liberdade para se colocar acima ou como quer.

Prólogo: O 2º ato teve o acréscimo da platéia. Cenário: o balcão da taberna. Personagens: o escritor e a sua criação. O garçom ao fundo não parece prestar atenção na conversa que se desenrola calculadamente. Há um bêbedo a um canto com o qual o escritor conversará no final da noite, quando todos já terão ido embora.

Episódio: Como disse anteriormente, me orgulhou a tua apresentação. Aquele sorriso tão cínico quanto o meu foi a derradeira constatação de que o mundo estava certo e eu errado por ter um dia acreditado. És uma mentirosa das maiores, não à toa empenhou a minha pena com engenho em profusão. Poderia ser a autora de um poema épico, quem sabe algum dia eu tire um de entre as tuas pernas, se eu não estiver demasiado ocupado com outros escritos. Permita-me elogiá-la a atuação impecável, conforme mandava o script, modéstia a parte. Nosso breve diálogo torna-se desnecessário servi-lo aos leitores, seria muita empáfia do meu ego. Basta rememorar a confissão de leitura, nosso crime mais que perfeito.

Tenho me especializado nestes escritos cênicos, para tal intento estudei os clássicos: Aristóteles e Horácio. Um bom escritor não deve se ater apenas a prosa poética e versos. É preciso cronicar a vida, contar os fatos com densidade específica, quem sabe até romancear... A tragédia desenvolveu-se e atingiu natureza própria. Podemos conceituá-la como representação de uma ação grave, inspirando pena e temor, opera a catarse própria dessas emoções. Existem duas causas naturais das ações: Ideia e Caráter. E todas as pessoas são bem ou mal sucedidas conforme essas causas. Deve-se observar a variedade no tom da linguagem, pois muda-se o sentido. Em determinados contextos, como escreveria Nietzsche e diria o meu nobre amigo Osnar na mesa do bar: “A tragédia deixa de ser trágica”. Dispus os elementos de modo que a encenação se tornasse divertida para quase todos nós. Apenas comiserei-me por terem ido embora tão cedo e fiquei um tanto sentido por não terem se despedido. Fecham-se as cortinas e a ação se estende pelos bastidores.

Um comentário:

  1. Agora você - FILA DA PUTA - acredita que, como já dissera Rubem Alves: "ostra feliz não faz pérola"?

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"Respeitar o trabalho do outro consiste justamente em submetê-lo à crítica mais rigorosa" (José Borges Neto)