Certa vez um filósofo que não era grego e ainda menos clássico cunhou o seguinte aforismo: “Um homem tem na vida que decidir entre dois pêndulos: Ou segue o relógio; Ou escuta o coração.”
Escutei o coração. Pois que toda a minha vida tem sido a maldição desta sentença. O que disse o meu coração? Poesia. Por culpa da poesia perdi a minha mulher. Por causa da poesia inventei um amor e fiz de conta que era literatura. Por conta da poesia escrevi outras palavras... Acabei por me tornar rufião de bordel. E agora vivo assim como num conto.
Resolvi então consertar meus ponteiros e arrumei outro emprego. No turno matutino já é sabido que carrego coisas, bom labrego que sou, realizo tarefas braçais das quais depende toda a estrutura social, especialmente a ociosa e improdutiva burguesia que, sem homens suados como eu, morreria de sede. Contudo consiste o emprego vespertino em fazer companhia aos fantasmas, quando bailamos de acordo com as sinfonias dos vinis, recitamos poemas uns aos outros e tecemos versos, serviços intelectuais dos quais depende toda a estrutura social, especialmente a laboriosa e produtiva burguesia, que não fosse homens inventivos como eu, morreria de enfado. O pouco que me pagam para essa erudição forçosa mal dá para o pão e a cevada. Penso que para o bem das horas que me restam devo me demitir. Porém continuo me escrevendo...
Escutei o coração. Pois que toda a minha vida tem sido a maldição desta sentença. O que disse o meu coração? Poesia. Por culpa da poesia perdi a minha mulher. Por causa da poesia inventei um amor e fiz de conta que era literatura. Por conta da poesia escrevi outras palavras... Acabei por me tornar rufião de bordel. E agora vivo assim como num conto.
Resolvi então consertar meus ponteiros e arrumei outro emprego. No turno matutino já é sabido que carrego coisas, bom labrego que sou, realizo tarefas braçais das quais depende toda a estrutura social, especialmente a ociosa e improdutiva burguesia que, sem homens suados como eu, morreria de sede. Contudo consiste o emprego vespertino em fazer companhia aos fantasmas, quando bailamos de acordo com as sinfonias dos vinis, recitamos poemas uns aos outros e tecemos versos, serviços intelectuais dos quais depende toda a estrutura social, especialmente a laboriosa e produtiva burguesia, que não fosse homens inventivos como eu, morreria de enfado. O pouco que me pagam para essa erudição forçosa mal dá para o pão e a cevada. Penso que para o bem das horas que me restam devo me demitir. Porém continuo me escrevendo...
O coração nem sempre é bom conselheiro,pois nos faz agir pela emoção,onde muitas vezes teríamos que agir pela razão!
ResponderExcluirOs burgueses te responderiam, lembrando o Voltaire: "alguém tem que cuidar do arado."
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