sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Tabacaria

Não sou nada
Nunca serei nada
Não mais que um verso
Sem outro declame
Que a voz suspeita dos amigos
Sem outra condecoração
Que a ameaça sublime do inimigo

Somente um verso
Sem outro refúgio
Que o terno colo das amantes
Sem outro ágio
Que a companhia nas estantes

Um mero verso
Sem outro cais
Que a prateleira de papel
Sem dizer mais
Do que verdades sob o véu

E a eterna condição de rimar
É o meu algoz
Mais cruel.

Um comentário:

  1. Fadados a inexistência.
    Nessa permanente inconstância.
    Essa heresia, essa ânsia
    de tecer versos da inconsciência...

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"Respeitar o trabalho do outro consiste justamente em submetê-lo à crítica mais rigorosa" (José Borges Neto)