domingo, 5 de fevereiro de 2012

Na Varanda

Acho que me encantei foi pelo teu nome. Desde sempre que ando com teu nome na boca, cuidando baixinho para não olvidar. Desde sempre que escrevo o teu nome em pedras, sóis e firmamentos para apagá-lo depois no contar dos dias, moça que se lê do avesso. E quero-te assonante ao final de cada estrofe.

Despido das teorias que me disfarçavam fui transformado em eu - lírico e desde então me apaixono por toda palavra que pouso no papel. Trago no olhar profundezas do mar oceano, o canto triste que se faz ressaca nas rochas, sibilando nesta aurora que evoca sobriedade e traz à tona a certeza de mais erros cometidos, das verdades mal contidas que ecoei nos teus ouvidos. E no embalo da rede vou tecendo na madrugada os meus poemas etílicos que já nascem póstumos. Nem desconfia dos versos trôpegos que me assomam enquanto lanço em ti meu olhar ébrio e simulo nas entrelinhas passeios sem volta nas tuas pétalas rosadas, meus desejos mais recônditos. E ao te ver em letargia, as pálpebras descidas e um sorriso doce nos labirintos, crio enredos e cenários ao teu sonho. Eis que abre os olhos e é como se venezianas fossem abertas nas nuvens. Já não há embriaguez para alegar como desculpa para a timidez esvaída. Só me resta condenar mais um poema ao meu viver...

3 comentários:

"Respeitar o trabalho do outro consiste justamente em submetê-lo à crítica mais rigorosa" (José Borges Neto)