Errei pelas ruas e conheci os amores mais efêmeros. Numa esquina me apaixonei perdidamente e noutra já amava a lânguida face de uma cortesã sobre a pele do papel. Compus trovas, elegias às mulheres mais impuras. Sátiras às mais nobres. Desordenei o discurso. Fiz juras de amor interno, injúrias, desfiz os planos. Fechei bordéis, abri caminhos. Roubei jardins, interpretei os barcos. Saqueei aldeias e dediquei fenômenos da natureza. Invoquei os santos, as giras. Blasfemei em bocas devotas. Devotei em bocas devassas. Fiz oferendas. Dancei com o vento, mudei o curso das águas. Senti escorrer a tinta pelas veias e confundi vida e obra, guerra e paz, hamor e umor... Escrevi meu livro por aí. Não me preservei. Vivi, amei a mim mesmo como se fosse o último.
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
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Mas o amor não é sinônimo de felicidade. No entanto falta algo, a catarse ao seu enredo.
ResponderExcluirAmar a mim mesma como se fosse o última, esta será minha trilha sonora. ;)
ResponderExcluirPonntuação: seu enredo = sua "vida".
ResponderExcluir1. Talvez a tal felicidade não esteja entre as minhas prioridades, talvez eu não dê demasiada atenção ao enredo e a catarse fica ao teu anônimo critério!
ResponderExcluir2. Amar-se o bastante para se desconstruir. O abismo é logo ali.
3. Vida!
4. sentir.
ResponderExcluir(...) -Talvez
ResponderExcluirO anonimato merece um poema!
ResponderExcluirVamos, não chores.
ResponderExcluirA infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.
O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.
Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis carro, navio, terra.
Mas tens um cão.
Algumas palavras duras,
em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
Mas, e o humour?
A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado
murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.
Tudo somado, devias
precipitar-te, de vez, nas águas.
Estás nu na areia, no vento...
Dorme, meu filho.