segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Dança

À Julieta em movimento
Tu és como nuvem que vem de longe...
demora,mas quando chega...
devasta, devassa, arrasta...
inspira, expira, pira...
arde, morde, flameja...
como chama, beija, clama...
abraça... enfim dança;
Como chuva que vem de longe,
chega mais molhada...
guerra apaziguada,
paz embevecida,
caótica, enfim dança;
Se te vem a tristeza visitar a vida
transforma em poesia que passa
_A tristeza? _A poesia?
_Não sei, só sei que passa,
como chuva que vem de longe,
a nuvem se dissipa
e se forma mais adiante,
Dança!

4 comentários:

  1. "A tristeza? _A poesia?
    _Não sei, só sei que passa,"

    ...e passa? As vezes acho que não.
    Penso que a vontade de que "passem" nos faz crer que isso aconte, mas voltam. Então, passaram momentaneamente?! Não. Foram ignoradas. Tratam-se apenas de momentos nos quais pensamos ser fortes. Pensamos não, #achamos.
    - Não temos certeza de nada, apenas da dor, será?!

    AC*

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  2. Envolvente como o ritmo incansável das gotas da chuva ao molhar a pele, a terra, as telhas antes de cair no chão. Dança!

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  3. Na leveza do cair, do existir, do se torcer, do se embolar e se permitir, do 'ovo', da 'esfinge', do 'gato', do 'tigre', da 'velha'... vou me derramando...gerando...brotando... partículas da mesma parte que se soltam... se largam e se prendem entre si. A porosidade do mínimo que se aproxima, deslizando na identidade autônoma do 'eu', em pedaços escorrego no papel ao qual escrevo, esta sou 'eu', formas lisas, ásperas, relaxadas e contraídas. este corpo que em muitos momentos reconheço, não é somente meu corpo, sinto as formas, as linhas, a textura, as cores refletirem o 'outro', que me toca... Adormeço por alguns intantes... Me desperto... volto a mim... Salto do céu estrelado que ali descansava, sinto cruzar a curva no solo que piso e assim 'aterrizo'... mesmo ainda estática eu me movimento... Continuo a escrever o 'somos', gosto de somar, partilhar o 'ser'... Somos o recém nascido que acolhe e é acolhido, somos o aquecimento real ou 'global', não importa, continuamos sendo. Gosto de pensar nesto corpo de dentro, este que toco durante uma respiração, um olhar ao outro, uma atenção ao movimento invisível do espaço. Gosto de pensar na minha audição se transportando para além dos típanos, se derramando por todo meu corpo, seja ele de 'dentro' ou de 'fora', este ato de ouvir pode se dá nas palavras ou nos gritos silenciosos de um corpo em movimento parado. Me aquece pensar que os sentidos descobertos na infância se multiplicam em um transbordar constante no conhecimento de si mesmo, no equilíbrio, no pulsar, no se permitir penetrar no íntimo e no se fazer existir. Gosto de pensar que somos esta caixa que move de uma mão para outra, este olhar que se estabiliza em nós, este trânsito que recomeça, transitando entre calçadas e marcações, nos dissolvendo em uma mistura de visível e invisível, neste espiral do tempo não há perguntas, mas ação, em seguida flechas de questionamentos me atravessam, neste momento, na curva da interrogação, bate à porta o Ponty: "O que é este nós?O que é este ver? O que é esta coisa ou este mundo?O mundo é o que vemos, mas precisamos aprender a vê-lo."
    Gratidão!!!!

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"Respeitar o trabalho do outro consiste justamente em submetê-lo à crítica mais rigorosa" (José Borges Neto)