quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Crime & Castigo.

"Histórias, assim como pessoas, borboletas, ovos de aves canoras, corações humanos e sonhos, também são coisas frágeis, feitas de nada mais forte ou duradouro do que 26 letras e um punhado de sinais de pontuação." (Neil Gaiman)

E eu, tão mal acostumado a simular histórias alternando estes algoritmos* e sinais de pontuação ao meu bel prazer, agora me desarmo outra vez, em carne nua na tua frente e não sei fingir nem ao menos poesia. E eu, outrora acostumado a simular orgasmos no papel, fazer das palavras meretrizes e receber afagos de hermenêutica, críticas risíveis e olhares suspeitos rua afora, me encontro deste modo: sem saber o que dizer nem rimar. E eu, que embasado em teoria divagava sobre a valoração acerca da estética da conjunção carnal e colocava um palavrão na boca de moças rezadeiras, acreditando ser isso o suprassumo da poesia, agora me sinto um pecador sem noção de pecado. Juro que queria dedicar-te um poema desses de umedecer o tecido durante a leitura, mas confesso que não sei deitar teu corpo sobre o papel e discorrer nas linhas, entrelinhas da tua prosa fria. Soa como algo proibido, sempre deste modo soa e não sua. Nem minha. O mais que consigo consiste em transfigurar-te em metáforas tão herméticas que se tornam reveladoras da minha natureza vil. Não mais que isso! Mas prometo sem cumprir: ainda te componho uma trova, tão despudorizada que abrirá para mim tua página ainda cálida.

*Um algoritmo é um conjunto finito de regras que fornece uma sequência de operações para resolver um problema específico.

8 comentários:

  1. Que venham trova & prosa & poesia...
    Abçs*

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  2. Não pude deixar de notar o seu marcador!
    Então o poeta deleita-se em escutar Engenheiros do Hawaii ??
    Interessantemente atrativo!
    Amei .... Beijos

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  3. Juliano!

    Sempre lhe admirei, na prosa e na poesia. Continuarei esperando, mas esta já foi uma ótima prosa!

    Beijos, poeta!

    Mirze

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  4. ainda te componho uma trova, tão despudorizada ...


    (falar o que? rs// tua poesia entra até pelos poros).

    Um beijooo Juliano.

    Como é bom ler-te!

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  5. Sr. Julio,

    Que sorte a nossa essa sua prosa
    Tal qual coisa rara
    Que endossa, faz tremer a carne
    E adoça Os sentidos
    A trama da língua
    Que treme na pele
    E fere
    E cura.

    Te conjugo versos!

    Um beijo,

    Ana.

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  6. Obg pela força...Aguardando seus textos!
    Abçs*

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  7. oi, sem querer caí aqui. Ia sair sem querer, mas resolvi deixar um recado, tipo um daqueles escritos em papéis coloridos e colados na porta de algum lugar: gostei muito desse texto... parabéns

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"Respeitar o trabalho do outro consiste justamente em submetê-lo à crítica mais rigorosa" (José Borges Neto)