Lembro...
Lembro da primeira vez que veio da tua boca pra minha a palavra solta, libidinosa, dissoluta. Me disse assim: "Poeta", desse jeito igual, com "P" maiúsculo. Sabia eu não ser, fingir, literariamante... mas não te revelei ao pé-do-ouvido para que satisfizesse meus gozos por mais um tempo. E se ao crepúsculo possuo em carne, osso e saliva a mulher devida, não tarda que as de letras vêm me visitar. Alternando vogais e consoantes eu rimo qual quiser, faço orgias semânticas, rituais linguísticos que desgarram-nas do estado de dicionário em que se encontram quando despidas do tato de minhas calejadas mãos. Revogo-me as adjetivações que me atribuem, pois toda arte criadora não transpassa um auto-plágio demasiado malfadado e quando muito, vã filosofia da linguagem, como tende ser toda e qualquer filosofia...
À ti leitor despudorado, que adentra neste bordel devasso, repara ali naquele canto da taberna, há um homem de barba por fazer e de um mal humorado formalismo russo impregnado de cheiro de cigarro e vodca barata, há um operário do campo semântico mal-assalariado pela hermenêutica burguesa e disforme, em meio às palavras que se dizem putas e o consolam com afagos sobre a mesa, dançam embebidas e ele arranca delas as frases, os versos até ficarem nuas, as orações. Repara no seu olhar, há um velho que lê poemas com um gato enrolado aos pés, há um moço que precisa sentir que o mar vem oscular a areia de vez em quando para se manter vivo, mas, sobretudo há um menino que só deseja chegar em casa e ter a face lambida por seu cachorro, maior prova de amor que existe na face da terra.
Eu reparei no canto da taberna..
ResponderExcluirEu vi um moço de olhos azuis da cor do céu,
eu vi nesse azul uns olhos buscando com fome, as letras da vida, fazer das letras seu canto, que vira um canto que entoa notas musicais tão bonitas.
Eu não vi um moço mal humorado, ele não sorri na foto, mas fácil é sorrir com os lábios...
O dificil é sorrir com os olhos, e eu vejo, eu juro que aqui dentro da minha cuca as vezes tão confusa, eu vejo esse moço sorrir.
E eu vejo o mais puro, o mais sublime, o mais bonito nesse moço no canto da taberna:
Ele vai de peito aberto dando a cara a tapa pra guerra da vida, não, ele não foge a luta, e como disse acima, o que mai me encanta nesse moço, é que ele, como humano que é, só quer chegar em casa e ganhar a lambida na cara do melhor amigo que podemos ter nessa vida.
Ô Juliano....
Eu gosto tanto de ti, moço!
Aprendi a te conhecer pelas palavras rasgadas profundamente aqui, palavras essas que entram como um punhal na alma da gente.
Eu vejo um poeta aqui, dos bons.
Eu vejo um cara do BEM.
Que prazer pra mim estar aqui, e poder dizer:
Ô Juliano, eu gosto de ti.
És um amigo, porque assim te considero, daqueles que a gente quer perto pro resto dos dias.
Um abração!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirÉ o menino para o qual me dispo da ficção e o chamo de amigo. O Poeta que desde o princípio me fez tocar nas palavras para sentir a sua profundidade, e agora me faz imaginar palavras dançando, delirantes por cima de mesas em casas acesas com rubras cores... O mar colorindo a vida de energia... A chuva adubando os mais puros desejos...
ResponderExcluirE eu, com todo atrevimento, roubo-te vocábulos para fotografá-lo pelo mesmo olhar que apenas quer fabular... Transcrevendo a vida como ela gostaria de ser, enquanto, embriago-me em corvadia.
"Mas, nós vibramos em outra frequência"
Juliano!
ResponderExcluiràs vezes titubeamos, ao nos darmos conta da responsabilidade no ato de escrever. Mas você já nasceu poeta. E sempre o será. A cada visita que faço aqui, me emociono. Essa lambida do cachorro, um amor verdadeiro, fechou com chave de ouro.
Parabéns, poeta!
Beijos
Mirze
Já reparei no velho... no moço... e no menino...
ResponderExcluiraté já desejei estar por trás dos olhos do homem de barba... Será que se incomodam de serem observados?
Gosto muito de vir aqui...
Beijinho de Luz!
Então, olha pra cá..porque bem aqui há uma Dona que muito anseia pelas putas que tu lambes no papel e que tanto me conforta nessas noites aflitas de outono. Dai, entrego minha carne e digo: Eis aqui sua escrava, poeme-se em mim, Entrego-te meu corpo. Tome!..É teu.
ResponderExcluirUm beijo.
Ana.
for u.
ResponderExcluirEstou apaixonada pelo seu blog. Quem me dera ter o dom de escrever que você tem!
ResponderExcluirParabéns..
E o velho, o moço e o menino são um só, um todo, e ao mesmo tempo um nada. Diante das letras, podemos nos sentir, nos tornar e realmente ser assim.
ResponderExcluirOi Julio! Tem um selo no meu blog pra você ...
ResponderExcluirE como sempre, muito profundo teus escritos!
Beijos