domingo, 15 de junho de 2014

Poemário


Viagem é arte de estender ausências
Sem os dizeres do velho,
[ me cabe aumentar o mundo sozinho
As retinas guardam montes, vales, redemoinhos
[ e flores de beira estrada
A palavra revela precária
[ o quadro de memórias inventadas
[ e pinta um rio no meio
Na ausência de matizes, a imaginação dilata...

O céu daqui é espichado
À noite, faz rede de estrela estendida 
(só uma tece cadência)
Tira a crase e é a noite quem faz
(sem vírgula ou vergonha)
Sem perneio, o luar cai na teia
[ e me embala no dormir
(ainda não tive lua cheia)
O céu daqui é tão vasto
[ que na aurora alonga meu ver

Tomo gole de rumo
[e gosto de voltar com o sol deitando no lombo
Minha barba já é crescida de poeira
Meu andar é meu existir
Me abeira o mato e desobriga a forma
Um vento oeste o livre verso sopra


Mimoso do Oeste/Bahia, 25 maio 2014.

2 comentários:

  1. O poeta é vasto de inutilidades e coisas. Sua gramática se enche de devaneios. Como pássaros alargando o vento o poeta estica as palavras.

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    1. seu comentário foi como uma extensão do poema, feito um rio que se enchesse demais e tomasse para si um canto do bosque.

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"Respeitar o trabalho do outro consiste justamente em submetê-lo à crítica mais rigorosa" (José Borges Neto)