Glósóli
– Sigur Rós
O dia raiou e quis
a moça uma fita para pôr no cabelo, da cor anil. O gatuno então perambulou
pelas ruas, depois pelos prados, visitou outras aldeias, invadiu castelos e
nada daquela cor encontrar. Extenuado da longa peregrinação, parou pra
descansar no leito de um rio, ao que olhou pra cima. Não teve culpa, era
preciso enfeitar os cachos bonitos da moça.
Após quarenta e
quatro ocasos, voltou ao seu planeta trazendo aneladas aos dedos várias fitas
dos mais diversos tons, exceto o anil. Na extremidade de cada uma das fitas
havia um balão da cor correspondente. Dispô-los no ar para perfeito encantamento
da moça. Aeróstatos lilases, esverdeados, escarlates... satisfaziam o seu alado
olhar e distraíam-na enquanto o moço colocava uma fita em seu cabelo, da cor do
seu pedido. Mal sabia a moça... Maravilhada com o mosaico de balões, não deu
por si que o céu transparecia. Nem ao menos percebeu que o moço também não
tinha cor. Como um palhaço que espalha o riso, mas tem por detrás do nariz
aquele vazio existencial de que são acometidos os verdadeiros artistas.
(Fim)
muito bom. Parabéns!
ResponderExcluirVi meu vazio pintar-se em cores...
ResponderExcluirFazia tempo que não vinha por aqui...Estou aproveitando as férias para ler alguns blogs de amigos...Bom, adoro pipas no céu...já brinquei muito com elas, por isso o conto e o poema com essa temática me cativaram. Abraço do Pedra
ResponderExcluirwww.pedradosertao.blogspot.com