segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Estória

Fotografia: Nielle Trindade 
Amor em mim
Amar em ti
Há mares em nós;

Entrelaçadas ondas
na beira da gente se deitam
contemplando o firmamento;

E o que era verbo - modo imperativo
faz-se estado d’alma
quando um no outro moramos;

O ocaso se dilata
a aurora se insinua
e cada dia é como um verso;

Hasteamos Bandeira,
falamos Manoelês,
meu olhar te Quintaneia,

Teu olhar me fotografa
convida para
poemar
e minha mão te prosifica,

Tu me falas de Moraes
tentando me Viniciar
e um Neruda me dedica;

Minha alma quebrantada
se recolhe nos teus braços
e do teu ventre faz morada,

Tua alma retalhada
se enleva quando eu
falo
e dos meus passos faz estrada;

Então que os
meus pés líricos
esculpem teu jardim: rios oníricos
eis nosso pedaço de chão,

Mas desaba a poesia
do declame faz silêncio
e ensandece o coração;

Por entre conchas e estrelas
flores e oferendas
a minha prosa se termina,

Por entre cartas e cortejos
barcos e desejos
a tua imagem se dissipa;

Foi-se da praça embora
cerrou os cílios do teu mundo
e agora vive assim,

Ancorei no cais meus sonhos
erigi a morada nas costas
e fiz varanda de mim;

Se o jardim murchou
que te restou?!
Florear

Se o amor findou,
que me sobrou?!

HÁ MAR.

“Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”. Fernando Pessoa

7 comentários:

"Respeitar o trabalho do outro consiste justamente em submetê-lo à crítica mais rigorosa" (José Borges Neto)