"O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua."
Drummond
Porque eu que nem sei nadar ando sempre a contemplar as águas? Qual o motivo destas naus perdidas em mim, qual o sentido destas gáveas e mastros? Diz-me o porquê dessas rotas que me traçam... Logo eu que não faço mapas, que os entrego às traças. E nos meus pulmões sopram velas, e o meu peito se fez proa, e no meu casco dizeres, manuscritos, haicais... E no meu leito, cais... Sereias caem. E dos meus braços lançam redes... E os meus pés tocam náufragos... Onde a foz destes rios oníricos? Que detritos levam? Velam qual lirismo?
Deve ser porque o mar também não sabe nadar... e por isso fica dum lado ao outro a oscular as beiras, sem saber onde deitar. Há tanta coisa ainda pra escrever... Há mar.
"Mas você me navegou mares tão diversos
E eu fiquei sem versos, e eu fiquei em vão"
Chico Buarque de Hollanda
Seu texto me fez lembrar uma passagem bastante reflexiva da obra "Palomar", de Ítalo Calvino, "Palomar na Praia". Se puder ler, vai ver como é diferente o modo como as ondas se revelam para nós. Depois me conta o que achou...
ResponderExcluirAbraço do Pedra do Sertão.
Um mar de lirismo esse jogo poético.
ResponderExcluirMe encanta a cada verso (feitos em minha cabeça).
amô :&
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